domingo, 25 de novembro de 2012

Os Abreus de Elvas





Antiga e numerosa família de Elvas, cujos registos da sua presença remontam ao séc. XIV. De facto, já em meados deste século, era alcaide-mór de Elvas Gonçalo Rodrigues de Abreu (c. 1350 - ?), filho de Nuno Gonçalves de Abreu (c. 1310 - ?), Senhor de Melgaço e de sua mulher D. Joana Rodrigues de Vasconcelos (c. 1330 - ?). Casou-se com D. Teresa Pereira, filha de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior do Crato. Contudo, apenas um dos filhos deste casal se fixou em Elvas – João Gonçalves de Abreu (c. 1375 - ?). Sobre a sua vida, temos o seguinte relato de Felgueiras Gayo:

            "viveo em Elvas e foi Fid m.to principal foi Reposteiro da Rainha D. Felipa m.er do Rey D. João 1º foi, senhor do Morgado da Serra por nomeação q nelle fez Martim Vaz Serra, senhor do Morgado casou com D. Brites Barbudo n.al de Calatrava em Castela em a qual teve o Morgado de Salina q sua m.er instituiu"[1]

            No entanto, todos os seus outros descendentes migrariam para outras zonas do reino. Só quase um século mais tarde vemos Rui Gomes de Abreu como alcaide-mór de Elvas. Se bem que aparentado com Gonçalo Rodrigues de Abreu, pois eram ambas pertencentes ao tronco original dos Abreus[2], o primeiro, de que agora falamos, provinha do ramo principal, representante do nome e armas de Abreu.
            Foi Rui Gomes de Abreu (c. 1460 - ?) alcaide-mór de Elvas no final do século XV. Era filho de Pedro Gomes de Abreu, Alcaide-mór de Lapela, Senhor de Regalados e Valadares, e 12º senhor da Torre e honra de Abreus, e de D. Catarina de Eça, abadessa perpétua do Mosteiro de Lorvão (c. 1440 - ?). Foi portanto fruto de uma relação incestuosa, visto que seu pai era casado com D. Genebra de Magalhães, da qual já tinha três filhos.[3]
            Mas também não foi desta vez que Elvas acolheu a família Abreu como filha da cidade, pois não é possível encontrar-se registo algum de permanência da prole de Rui Gomes de Abreu neste local. O mistério que dificultou a elaboração destas notas foi o facto de, desde o final do século XV até meados do século XVIII, não haver reportagem de algum Abreu na zona raiana, pelo que nos leva a pensar que talvez a família dos Abreus, alcaides de Elvas, e a família Abreu que actualmente reside no Concelho nada têm que ver uma com a outra.
            Sobre a actual família Abreu de Elvas, do Monte do Abreu, é possível traçar-se a ascendência até Manuel Rodrigues Martins de Abreu.

Manuel Rodrigues Martins de Abreu (c. 1745 - ?) foi lavrador no Concelho de Elvas, muito provavelmente no tal Monte do Abreu[4], na freguesia de S. Pedro. Casou-se com D. Francisca Maria Gonçalves (?-?) e tiveram:

Joaquim José de Abreu, nascido em Elvas a 26 de Maio de 1771. Este, também proprietário e lavrador no Monte do Abreu, casou-se com D. Maria Rita do Carmo da Silveira, natural de Vila Fernando, e filha de Joaquim José e de sua mulher D. Isabel Maria da Silveira. Tiveram três filhos: Joaquim José da Silveira de Abreu (que segue), D. Mariana do Carmo da Silveira de Abreu (c.g.) e D. Felicidade Perpétua da Silveira de Abreu (c.g.).

Joaquim José da Silveira de Abreu, nascido a 23 de Novembro de 1800 em Elvas, foi proprietário e lavrador. Casou-se com D. Maria Joana, natural de Lavre, Montemor-o-Novo, filha de José Vicente e de sua mulher D. Maria de Belém. Tiveram três filhos: D. Felicidade Perpétua da Silveira de Abreu (c.g.), José Vicente de Abreu (c.g.) e Manuel Joaquim de Abreu, que segue.

Manuel Joaquim de Abreu, foi lavrador e proprietário das herdades “das Aldeias”, “Vale das Ratas” e “Monte do Abreu”. Casou com D. Ana Teodora do Carmo Picão, natural de Santa Eulália, e filha de Amaro José de Bastos Picão, Capitão Ordenanças de Santa Eulália, proprietário e Cavaleiro da Ordem de Cristo, e de sua mulher D. Mariana do Carmo Mendes Afonso Martins. Tiveram cinco filhos: Joaquim José de Abreu (c.s.g), D. Maria Joana Picão de Abreu (c.s.g.), D. Hermínia Amélia Picão de Abreu (c.c.g.), D. Elvira Picão de Abreu (c.c.g) e Manuel Vicente de Abreu (c.c.g.).

(Continua)




[1] NFP - Nobiliário das Famílias de Portugal - (Abreus) - Felgueiras Gayo / Carvalhos de Basto, 2ª Edição - Braga, 1989. Tradução: “Viveu em Elvas e foi fidalgo muito principal. Foi reposteiro da Rainha D. Filipa, mulher do Rei D. João I. Foi senhor do Morgado da Serra por nomeação que nele fez Martim Vaz Serra, senhor do Morgado. Casou com D. Brites Barbudo, natural de Calatraia, em Castela, na qual teve o Morgado de Salina que sua mulher institui.”

[2] Descendentes de Rui Gomes de Abreu (nascido a c. 1170), 3º senhor da torre e honra de Abreu, Senhor da casa de Abreu e fidalgo muito principal no tempo dos reis D. Sancho I e D. Afonso II.

[3] Cristóvão Alão de Morais em Pedatura Lusitana acrescenta em notas: "Dizem que não era da Abadessa de Lorvão".

[4] É até possível, se bem que não passe de uma suposição, que os actuais Abreus tenham retirado o seu apelido da herdade de que eram proprietários, por esta se chamar “Monte do Abreu” ou “Rui Gomes de Abreu”.

2 comentários:

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  2. https://books.openedition.org/cidehus/4548 a herdade do caia ou herdade da alagada doada por D Fernando em 1379 esteve na família Abreu até há poucos anos, é a mesma família. A herdade era partilhada com os Tarouca

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