Antiga e numerosa família de Elvas, cujos registos da
sua presença remontam ao séc. XIV. De facto, já em meados deste século, era
alcaide-mór de Elvas Gonçalo Rodrigues de Abreu (c. 1350 - ?), filho de Nuno
Gonçalves de Abreu (c. 1310 - ?), Senhor de Melgaço e de sua mulher D. Joana
Rodrigues de Vasconcelos (c. 1330 - ?). Casou-se com D.
Teresa Pereira, filha de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior do Crato. Contudo,
apenas um dos filhos deste casal se fixou em Elvas – João Gonçalves de Abreu
(c. 1375 - ?). Sobre a sua vida, temos o seguinte relato de Felgueiras Gayo:
"viveo em Elvas e foi Fid m.to
principal foi Reposteiro da Rainha D. Felipa m.er do Rey D. João 1º foi, senhor do Morgado da Serra por nomeação q nelle fez
Martim Vaz Serra, senhor do Morgado casou com D. Brites Barbudo n.al de
Calatrava em Castela em a qual teve o Morgado de Salina q sua m.er instituiu"[1]
No
entanto, todos os seus outros descendentes migrariam para outras zonas do
reino. Só quase um século mais tarde vemos Rui Gomes de Abreu como alcaide-mór de
Elvas. Se bem que aparentado com Gonçalo Rodrigues de Abreu, pois eram ambas
pertencentes ao tronco original dos Abreus[2], o
primeiro, de que agora falamos, provinha do ramo principal, representante do
nome e armas de Abreu.
Foi
Rui Gomes de Abreu (c. 1460 - ?) alcaide-mór de Elvas no final do século XV.
Era filho de Pedro Gomes de Abreu, Alcaide-mór de Lapela, Senhor de Regalados e
Valadares, e 12º senhor da Torre e honra de Abreus, e de D. Catarina de Eça,
abadessa perpétua do Mosteiro de Lorvão (c. 1440 - ?). Foi portanto fruto de
uma relação incestuosa, visto que seu pai era casado com D. Genebra de
Magalhães, da qual já tinha três filhos.[3]
Mas
também não foi desta vez que Elvas acolheu a família Abreu como filha da cidade,
pois não é possível encontrar-se registo algum de permanência da prole de Rui
Gomes de Abreu neste local. O mistério que dificultou a elaboração destas notas
foi o facto de, desde o final do século XV até meados do século XVIII, não
haver reportagem de algum Abreu na zona raiana, pelo que nos leva a pensar que
talvez a família dos Abreus, alcaides de Elvas, e a família Abreu que
actualmente reside no Concelho nada têm que ver uma com a outra.
Sobre
a actual família Abreu de Elvas, do Monte do Abreu, é possível traçar-se a
ascendência até Manuel Rodrigues Martins de Abreu.
Manuel
Rodrigues Martins de Abreu (c. 1745 - ?) foi
lavrador no Concelho de Elvas, muito provavelmente no tal Monte do Abreu[4],
na freguesia de S. Pedro. Casou-se com D. Francisca Maria Gonçalves (?-?) e
tiveram:
Joaquim José de
Abreu, nascido em Elvas a 26 de Maio de 1771. Este, também
proprietário e lavrador no Monte do Abreu, casou-se com D. Maria Rita do Carmo
da Silveira, natural de Vila Fernando, e filha de Joaquim José e de sua mulher
D. Isabel Maria da Silveira. Tiveram três filhos: Joaquim José da Silveira de
Abreu (que segue), D. Mariana do Carmo da Silveira de Abreu (c.g.) e D.
Felicidade Perpétua da Silveira de Abreu (c.g.).
Joaquim José da
Silveira de Abreu, nascido a 23 de Novembro de 1800
em Elvas, foi proprietário e lavrador. Casou-se com D. Maria Joana, natural de
Lavre, Montemor-o-Novo, filha de José Vicente e de sua mulher D. Maria de
Belém. Tiveram três filhos: D. Felicidade Perpétua da Silveira de Abreu (c.g.),
José Vicente de Abreu (c.g.) e Manuel Joaquim de Abreu, que segue.
Manuel Joaquim
de Abreu, foi lavrador e proprietário das
herdades “das Aldeias”, “Vale das Ratas” e “Monte do Abreu”. Casou com D. Ana
Teodora do Carmo Picão, natural de Santa Eulália, e filha de Amaro José de
Bastos Picão, Capitão Ordenanças de Santa Eulália, proprietário e Cavaleiro da
Ordem de Cristo, e de sua mulher D. Mariana do Carmo Mendes Afonso Martins.
Tiveram cinco filhos: Joaquim José de Abreu (c.s.g), D. Maria Joana Picão de
Abreu (c.s.g.), D. Hermínia Amélia Picão de Abreu (c.c.g.), D. Elvira Picão de
Abreu (c.c.g) e Manuel Vicente de Abreu (c.c.g.).
(Continua)
(Continua)
[1]
NFP - Nobiliário das Famílias de
Portugal - (Abreus) - Felgueiras Gayo / Carvalhos de Basto, 2ª Edição - Braga,
1989. Tradução: “Viveu em Elvas e foi fidalgo muito principal. Foi
reposteiro da Rainha D. Filipa, mulher do Rei D. João I. Foi senhor do Morgado
da Serra por nomeação que nele fez Martim Vaz Serra, senhor do Morgado. Casou
com D. Brites Barbudo, natural de Calatraia, em Castela, na qual teve o Morgado
de Salina que sua mulher institui.”
[2] Descendentes de Rui Gomes de Abreu (nascido a c. 1170), 3º senhor da torre e honra de Abreu, Senhor da casa de Abreu e fidalgo muito principal no tempo dos reis D. Sancho I e D. Afonso II.
[3] Cristóvão Alão de Morais em Pedatura Lusitana acrescenta em notas: "Dizem que não era da Abadessa de Lorvão".
[4] É até possível, se bem que não passe de uma suposição, que os actuais Abreus tenham retirado o seu apelido da herdade de que eram proprietários, por esta se chamar “Monte do Abreu” ou “Rui Gomes de Abreu”.