segunda-feira, 30 de junho de 2014

Brasões de armas (Lobão Telo e Mexia)

Fui descobrindo vários brasões de armas de antepassados nossos que foram agora reproduzidos em computador:

Armas de Clemente de Lobão Tello (escudo partido em pala - 1ª metade de Lobão e 2ª metade de Tello; timbre de Lobão)

Armas de Francisco da Silva (Lobão Tello) Picão de Abreu, representante dos títulos de conde e visconde de Alcântara (escudo partido em pala - 1ª metade de Lobão e 2ª metade de Tello; de diferença um trifólio preto; coroa de conde; timbre de Lobão)

Armas de D. Martim Afonso Mexia, bispo de Coimbra e conde de Arganil (escudo esquartelado - 1º e 3º quartéis de Campo e 2º e 4º de Mexia)

Armas de António Luís Serra Picão de Abreu (escudo esquartelado - 1º quartel de Lobão, 2º quartel de Tello, 3º quartel de Mexia e 4º quartel de Campo; timbre de Lobão) 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A família Lobão Telo Rasquilha - 1ª parte: de Vila Flor à Herdade de Revelhos


LOBÃO TELO RASQUILHA (do ramo descendente de Juan Esteves de Lobon, de Miranda do Corvo, 
Bragança. Com carta de brasão de armas para Lobão e Telo)

(O apelido Rasquilha foi tirado duma herdade onde eram lavradores - Herdade da Rasquilha - no termo de Arronches, abandonando alguns ramos o Lobão, passando a usar Telo Rasquilha.)


I – ANTÓNIO GOMES DE ALMENDRA, nasceu em 1685 em Vilas Boas, concelho de Vila Flor.
Casou com Ana Maria da Silva Lobão[1], nascida em 1690 na freguesia de Samões, concelho de Vila Flor. 

Filhos:
II – MANUEL DA SILVA LOBÃO, que segue.

II – GONÇALO JOSÉ DA SILVA LOBÃO, nasceu em Samões em 1725.
Casou em 13 de Abril de 1768 na Igreja Paroquial de Nossa Senhora dos Mosteiros com Rosa Maria de Almeida, nascida em 18 de Abril de 1751 na freguesia de Nossa Senhora dos Mosteiros, concelho de Arronches, filha de Manuel de Almeida Nogueira Barrão e de Maria Martins Mourato; com geração.


II – MANUEL DA SILVA LOBÃO, filho de António Gomes de Almendra, nasceu em 1720 na freguesia de Samões, concelho de Vila Flor.
Moleiro no Moinho da Torre, Arronches (1752); lavrador na Herdade da Soeira, Arronches (1766).
Faleceu em 16 de Julho de 1774 na freguesia de S. Bartolomeu, termo da vila de Arronches.
Casou em 1751 com Cecília Maria Mourato, nascida em 1733 na vila de Monforte do Alentejo e falecida em 9 de Janeiro de 1767 na freguesia de S. Bartolomeu de Arronches, filha de João Mourato e de Joana Maria Rodrigues, ambos da freguesia de S. Gregório, termo da cidade de Portalegre.
Casou em 1768 em segundas núpcias com Maria da Vide Machado, nascida em 27 de Fevereiro de 1741 na freguesia de Nossa Senhora dos Mosteiros, termo de Arronches, filha de Diogo Paes Martins e de Maria do Espírito Santo Abrantes.
Filhos do primeiro casamento de Manuel da Silva Lobão:

III.1 – FRANCISCO DA SILVA LOBÃO TELO, que segue.

III.2 – JOSÉ DA SILVA LOBÃO, filho de Manuel da Silva Lobão, nasceu no Moinho da Torre, vila de Arronches, em 6 de Dezembro de 1757 em foi baptizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Mosteiros a 18 de Dezembro de 1757.
Faleceu em 16 de Janeiro de 1766 na Herdade da Soeira, freguesia de S. Bartolomeu, termo da vila de Arronches.

III.3 – ANTÓNIO DA SILVA LOBÃO, filho de Manuel da Silva Lobão, nasceu em 5 de Dezembro de 1759 na freguesia de Nossa Senhora da Assunção, vila de Arronches.
Faleceu em 1 de Janeiro de 1766 na freguesia de S. Bartolomeu, termo da vila de Arronches.

III.4 – MARIA DA SILVA LOBÃO, filha de Manuel da Silva Lobão, nasceu no Moinho da Torre, lugar da freguesia de Nossa Senhora da Assunção, vila de Arronches, em 17 de Novembro de 1761.
Faleceu na Herdade da Soeira, freguesia de S. Bartolomeu, termo da vila de Arronches, em 1 de Janeiro de 1766.

III.5 – ANA DA SILVA LOBÃO, filha de Manuel da Silva Lobão, nasceu em 23 de Agosto de 1764 na Herdade da Soeira, freguesia de Nossa Senhora da Assunção, vila de Arronches.
Faleceu em 19 de Outubro de 1764 na Herdade da Soeira, freguesia de S. Bartolomeu, termo da vila de Arronches.
Filho do segundo casamento de Manuel da Silva Lobão com Maria da Vide Machado:

III.6 – RODRIGO DA SILVA LOBÃO, filho de Manuel da Silva Lobão, nasceu em 21 de Janeiro de 1769 na Herdade da Soeira, freguesia de S. Bartolomeu, termo da vila de Arronches.


III – Sargento-mor FRANCISCO DA SILVA LOBÃO TELO, filho de Manuel da Silva Lobão, nasceu a 19 de Fevereiro de 1753 no Moinho da Torre, freguesia de Nossa Senhora da Assunção, vila de Arronches, e foi baptizado em 4 de Março de 1753 na Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Mosteiros.
Lavrador na Herdade de Revelhos, concelho de Arronches (1774); capitão de Ordenanças (1800); capitão-mor da Companhia de Ordenanças de Arronches (3 de Julho de 1804); sargento-mor da Companhia de Ordenanças de Arronches (1807); reformado com o posto de sargento-mor de Ordenanças (1812).
Faleceu em 1 de Março de 1820 na Herdade de Revelhos, freguesia de S. Bartolomeu, termo da vila de Arronches, aos 67 anos de idade.
Casou em 18 de Setembro de 1774 na Igreja Paroquial de S. Bartolomeu de Arronches com D. Vitória Brites Nunes, nascida a 8 de Março de 1755 na Herdade de Sancha Ruiva, freguesia de S. Bartolomeu, concelho de Arronches, e falecida em 21 de Janeiro de 1831 na freguesia de S. Bartolomeu, filha de José Nunes Louzadas, natural da freguesia de Nossa Senhora da Assunção de Arronches, e de Leonor Pires Velez, natural da freguesia de Nossa Senhora da Esperança da Serra, concelho de Arronches. 

(Continua)

[1] Ana Maria da Silva Lobão seria irmã de Clemente de Lobão Telo, nascido em Samões, freguesia do concelho de Vila Flor, a 28 de Dezembro de 1679, sendo este filho de Manuel Lobão Montes e de Maria de Almendra, neto pela via paterna de Lopo Machado Pereira e de Catarina Lobão do Sil, neto materno de Pedro de Bairros e de Isabel Lopes. O apelido Silva vinha-lhe por sua bisavó Guiomar da Silva Pereira, casada com Manuel Machado, pais do referido Lopo Machado Pereira.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Os criadores de cavalos no distrito de Portalegre - 1906

"No Alentejo encontram-se ainda agora alguns importantes e bons criadores, mas a maior parte com manadas ou castas particulares, com carácter próprio, razão por que nesta província não ha hoie um tipo geral bem uniforme. Em Alter-do-Chao existem três ou quatro casas que se veem servindo há muito com reprodutores de Alter-os Srs. Dr. Francisco Alvim, Rafael Mendes Calado, João e Manuel Caldeira Castelo Branco, em Alter, e Luis Caldeira Castelo Branco, em CabeÇo-de-Vide. Em Veiros há a casa Sousa Maldonado e a dos Irmãos Cortes; em Monforte a de Alfredo Meníce Sardinha e a de José Maria de Moura. Em Santa Eulália, os Srs. António da Silva Lobão Rasquilha e seus filhos e Francisco Barradas têem um grupo éguas que, de ascendência e tipo, se podem considerar como o que hoie existe de mais proximo do antigo alteriano; na mesma freguesia tem o Sr. António Pícão Caldeira uma grande e bela coudelaría e nela existe também a minha, criada toda com puros cavalos andaluzes importados (Zapata e Guerrero). O concelho de Elvas possue ainda outras mantidas de aprêco, entre asquais a do Sr. José Joaquim da Silva, a da familia Goncalves, a dos Herdeiros do Dr. Manuel Vicente de Abreu, a de Joaquim Manuel Pícão Fernandes, a dos vários membros da família Bagulho, a dos filhos do Sr. Luís do Couto, a dos Srs. Pompeu Corado Caldeira e Joaquím Côrado Caldeira, todos de Elvas, e a do Sr. Francisco Picão Caldeira` de Víla-Boim. Em Campo-Maior há ainda duas ou tres boas manadas-as dos Srs. Francisco Côrado, José da Silva Telo Rasquillha, Francisco e Jose Telo Rasquilha, entre outras." 


Arronches:

  • Manuel Pereira Nunes - Monte Vidigão de Baixo;
  • António Pereira Claro - Monte Vidigão de Cima;
  • Francisco José da Silva - Herdade do Carapinhal. 4 eguas. Reproductores de outros creadores;
  • Manuel Romão - Monte de Santo Ildefonso;
  • D. Antónia de Jesus Caldeira Tello - Monte Reguengo;
  • Diogo da Venda - Venda;
  • José da Silva Tello Rasquilha - Herdade do Pina. Reproductor o cavallo Saltinho. Russo escuro;
  • Francisco da Silva Lobão Rasquilha & Filho - Herdade da Vallada;
  • Francisco da Silva Tello Rasquilha - Herdade das Furadas. 18 a 20 eguas fantis;
  • Francisco da Silva Rasquilha Corado - Monte da Contenda. 18 a 20 eguas fantis;
  • Isidoro Mendes - Venda;
  • Luiz Xavier de Barros Castello Branco - Monte da Quinta.
Campo Maior:
  • João Carlos de Souza e Oliveira da Gama - Godinha;
  • Joaquim Murteira - Rio Xevora;
  • António Luiz de Sousa da Gama - Campo Maior;
  • Luiz de Sousa e Oliveira da Gama - 15 a 20 eguas fantis;
  • Manuel Jeronymo & João Minas Mocinho - Campo Maior;
  • António de Souza e Oliveira da Gama - Herdade de Castro.
Elvas:
  • José Joaquim Gonçalves - S. Vicente, Quinta de S. João;
  • João António Barbas - Monte da Torre de Bolsa;
  • António Ignacio da Costa - Serra do Bispo;
  • Manuel Joaquim Gonçalves Barbas;
  • António Rozado Perdigão - Herdade de Gasparcam, Terrugem;
  • Francisco José Fernandes & Irmão - Monte da Agua de Banhos;
  • António Rodrigues Barbas - Monte do Mestre;
  • José António Carneiro - Herdade do Brito. 15 a 20 eguas fantis;
  • José António d'Andrade - Mouralves (extincto);
  • João Maria Ferreira da Silva - Pedragaes;
  • José Vicente d'Abreu - Monte da Alagada;
  • Luiz Pinto - Villa Boim;
  • José Mendes. Rocreador - Quinta das Sochas (Gado muar);
  • Joaquim António Barbas - Torre de Cabedal;
  • Manuel Joaquim d'Abreu - Monte de Abreu;
  • António Manuel Gonçalves - Monte dos Negros, S. Vicente;
  • Viuva Pinto - Villa Boim;
  • António Manuel Caldeira - Monte d'Atalaya, Santa Eulália. 25 a 30 eguas fantis;
  • Alfredo d'Andrade - Santa Eulália. 30 eguas. Raça predominante, hespanhola. Reproductores o cavallo Rumboso que já descrevemos, e o burro Tamagno, preto, bocalvo, ventre e bragadas lavadas;
  • António Affonso de Carvalho - Monte de Alcanins;
  • António Pinto, hoje Francisco João Marques Pinto - Villa Boim;
  • Francisco Marques da Silveira Pinto - Monte da Commenda;
  • Joaquim Lucio Couto (extincto);
  • Joronymo Barbas - Monte da Pegacha;
  • D. Joanna Rita Pinto Bagulho - Herdade do Escrivão (vulgo Falcato);
  • João Miguel Caldeira - Barbacena, Pena Clara;
  • José & Francisco da Silva Picão - Santa Eulália. Eguas alter e Zapatas;
  • Adelino José Gonçalves - Amimoal;
  • Joaquim Pinto - Villa Boim;
  • Joaquim Dias Barrozo - Monte da Espada;
  • José António d'Andrade - Monte das Fangueiras;
  • Joaquim Manuel Cladeira - Herdade de Alcobaça. 12 a 15 eguas fantis;
  • Francisco João Janeiro;
  • Amaro José Fernandes & Irmão - Monte Agua de Banhos. Reproductor, andaluz-russo;
  • Manuel Joaquim Gonçalves - Torre de Mouro;
  • Francisco Adelino Gonçalves - Monte da Gramixa;
  • José Nogueira Pires - Barbacena;
  • José Joaquim Torres da Costa - Monte Santo António e outros;
  • José da Silva Pereira Claro - S. Vicente;
  • José Picão Barradas - S. Vicente;
  • David José de Bastos Picão - Monte de Campo. Raças, marroquina, alter e hespanhola (raça Guerrero);
  • Luiz Couto e José Agapito;
  • Francisco Barradas;
  • Escola Agricola de Villa Fernando.

(Raças Cavallares da Penísula e Marcas a Ferro - Domingos Augusto Alves da Costa Oliveira, 1906)

domingo, 25 de novembro de 2012

Os Abreus de Elvas





Antiga e numerosa família de Elvas, cujos registos da sua presença remontam ao séc. XIV. De facto, já em meados deste século, era alcaide-mór de Elvas Gonçalo Rodrigues de Abreu (c. 1350 - ?), filho de Nuno Gonçalves de Abreu (c. 1310 - ?), Senhor de Melgaço e de sua mulher D. Joana Rodrigues de Vasconcelos (c. 1330 - ?). Casou-se com D. Teresa Pereira, filha de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior do Crato. Contudo, apenas um dos filhos deste casal se fixou em Elvas – João Gonçalves de Abreu (c. 1375 - ?). Sobre a sua vida, temos o seguinte relato de Felgueiras Gayo:

            "viveo em Elvas e foi Fid m.to principal foi Reposteiro da Rainha D. Felipa m.er do Rey D. João 1º foi, senhor do Morgado da Serra por nomeação q nelle fez Martim Vaz Serra, senhor do Morgado casou com D. Brites Barbudo n.al de Calatrava em Castela em a qual teve o Morgado de Salina q sua m.er instituiu"[1]

            No entanto, todos os seus outros descendentes migrariam para outras zonas do reino. Só quase um século mais tarde vemos Rui Gomes de Abreu como alcaide-mór de Elvas. Se bem que aparentado com Gonçalo Rodrigues de Abreu, pois eram ambas pertencentes ao tronco original dos Abreus[2], o primeiro, de que agora falamos, provinha do ramo principal, representante do nome e armas de Abreu.
            Foi Rui Gomes de Abreu (c. 1460 - ?) alcaide-mór de Elvas no final do século XV. Era filho de Pedro Gomes de Abreu, Alcaide-mór de Lapela, Senhor de Regalados e Valadares, e 12º senhor da Torre e honra de Abreus, e de D. Catarina de Eça, abadessa perpétua do Mosteiro de Lorvão (c. 1440 - ?). Foi portanto fruto de uma relação incestuosa, visto que seu pai era casado com D. Genebra de Magalhães, da qual já tinha três filhos.[3]
            Mas também não foi desta vez que Elvas acolheu a família Abreu como filha da cidade, pois não é possível encontrar-se registo algum de permanência da prole de Rui Gomes de Abreu neste local. O mistério que dificultou a elaboração destas notas foi o facto de, desde o final do século XV até meados do século XVIII, não haver reportagem de algum Abreu na zona raiana, pelo que nos leva a pensar que talvez a família dos Abreus, alcaides de Elvas, e a família Abreu que actualmente reside no Concelho nada têm que ver uma com a outra.
            Sobre a actual família Abreu de Elvas, do Monte do Abreu, é possível traçar-se a ascendência até Manuel Rodrigues Martins de Abreu.

Manuel Rodrigues Martins de Abreu (c. 1745 - ?) foi lavrador no Concelho de Elvas, muito provavelmente no tal Monte do Abreu[4], na freguesia de S. Pedro. Casou-se com D. Francisca Maria Gonçalves (?-?) e tiveram:

Joaquim José de Abreu, nascido em Elvas a 26 de Maio de 1771. Este, também proprietário e lavrador no Monte do Abreu, casou-se com D. Maria Rita do Carmo da Silveira, natural de Vila Fernando, e filha de Joaquim José e de sua mulher D. Isabel Maria da Silveira. Tiveram três filhos: Joaquim José da Silveira de Abreu (que segue), D. Mariana do Carmo da Silveira de Abreu (c.g.) e D. Felicidade Perpétua da Silveira de Abreu (c.g.).

Joaquim José da Silveira de Abreu, nascido a 23 de Novembro de 1800 em Elvas, foi proprietário e lavrador. Casou-se com D. Maria Joana, natural de Lavre, Montemor-o-Novo, filha de José Vicente e de sua mulher D. Maria de Belém. Tiveram três filhos: D. Felicidade Perpétua da Silveira de Abreu (c.g.), José Vicente de Abreu (c.g.) e Manuel Joaquim de Abreu, que segue.

Manuel Joaquim de Abreu, foi lavrador e proprietário das herdades “das Aldeias”, “Vale das Ratas” e “Monte do Abreu”. Casou com D. Ana Teodora do Carmo Picão, natural de Santa Eulália, e filha de Amaro José de Bastos Picão, Capitão Ordenanças de Santa Eulália, proprietário e Cavaleiro da Ordem de Cristo, e de sua mulher D. Mariana do Carmo Mendes Afonso Martins. Tiveram cinco filhos: Joaquim José de Abreu (c.s.g), D. Maria Joana Picão de Abreu (c.s.g.), D. Hermínia Amélia Picão de Abreu (c.c.g.), D. Elvira Picão de Abreu (c.c.g) e Manuel Vicente de Abreu (c.c.g.).

(Continua)




[1] NFP - Nobiliário das Famílias de Portugal - (Abreus) - Felgueiras Gayo / Carvalhos de Basto, 2ª Edição - Braga, 1989. Tradução: “Viveu em Elvas e foi fidalgo muito principal. Foi reposteiro da Rainha D. Filipa, mulher do Rei D. João I. Foi senhor do Morgado da Serra por nomeação que nele fez Martim Vaz Serra, senhor do Morgado. Casou com D. Brites Barbudo, natural de Calatraia, em Castela, na qual teve o Morgado de Salina que sua mulher institui.”

[2] Descendentes de Rui Gomes de Abreu (nascido a c. 1170), 3º senhor da torre e honra de Abreu, Senhor da casa de Abreu e fidalgo muito principal no tempo dos reis D. Sancho I e D. Afonso II.

[3] Cristóvão Alão de Morais em Pedatura Lusitana acrescenta em notas: "Dizem que não era da Abadessa de Lorvão".

[4] É até possível, se bem que não passe de uma suposição, que os actuais Abreus tenham retirado o seu apelido da herdade de que eram proprietários, por esta se chamar “Monte do Abreu” ou “Rui Gomes de Abreu”.

sábado, 3 de novembro de 2012

Madre Maria Isabel da Santíssima Trindade

Maria Isabel Picão Caldeira nasceu a 1 de Fevereiro de 1889, no Monte do Torrão, em Sta. Eulália, tendo recebido o Baptismo a 3 de Março do mesmo ano. Seus pais, João Miguel Caldeira e Maria Francisca da Silva Picão, eram lavradores abastados e deram-lhe uma educação esmerada, consentindo que frequentasse a Escola de Belas Artes, em Lisboa. Casou em 1912 com João Pires Carneiro, também lavrador. Mas após alguns anos de felicidade conjugal, o marido contraiu uma doença grave e morreu a 17 de Junho de 1922. 

Estando viúva e sem filhos, Maria Isabel dedicou-se ao apostolado. Contudo, não se sentia completada e decidiu em 1934 entrar nas Irmãs Dominicanas Contemplativas, em Azurara, onde permaneceu apenas sete meses por falta de saúde. Em 1936, sabendo Arcebispo de Évora do seu regresso da clausura, convidou-a a tomar conta da Casa de Retiros, em Elvas. Neste espaço iniciou uma grande acção apostólica ao serviço dos pobres e gastando, para isso, os seus próprios bens. 

Em 1939 funda finalmente a Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres, que foi aprovada pelo Papa Pio XII a 5 de Julho de 1955. Nesse mesmo ano, a 20 de Dezembro, a Congregação era erecta canonicamente e Madre Maria Isabel da Santíssima Trindade faz a sua Profissão Perpétua. 

Morreu a 3 de Julho de 1962, em Elvas, depois de uma vida toda voltada para os outros. De rica fez-se pobre para privilegiar os pobres. Estes eram a sua grande paixão e a razão de ser da sua Obra. Com um coração grande, que parecia querer abarcar tudo e todos, arriscou os bens e a vida. Sofreu a doença, as contrariedades, a solidão, a calúnia e a incompreensão. No meio de tantas provações, manteve-se fiel àquilo que julgava ser a vontade de Deus. 

Foi sepultada na sua terra natal, em jazigo de família. Os seus restos mortais foram transladados para a Casa Mãe da Congregação, em Elvas, a 20 de Dezembro de 1980. 

A Causa da sua Canonização foi introduzida em 1998.


Isabel Maria Picão



            Nascida em Badajoz em 1865, Isabel Maria Aquilina Portocalesy de Saavedra y Campos era filha de D. Fernando Aquilino Portocalesy y Luis e de Ana Maria de Campos e Saavedra e natural de Badajoz. Casou-se a 18 de Setembro de 1880, na freguesia de Sto. Ildefonso em Elvas, com David José do Carmo de Bastos Picão, sobrinho-neto do já citado Cláudio José de Bastos Picão, e filho de Amaro José de Bastos Picão, lavrador e proprietário do monte “Torre de Siqueira”, e de sua mulher Mariana do Carmo Mendes Afonso Martins.
            Não era uma senhora muito bonita (as sua feições podem ser conferidas no retrato a óleo que ainda hoje se mantém no edifício que outrora foi a sua casa) e, talvez por isso, se contasse que o marido David Picão tinha uma(s) amante(s). É por causa desse mesmo edifício que Isabel Maria Picão ficou estimada pelos elvenses e odiada pela família.
            Antigamente, a Câmara Municipal de Elvas situava-se na praça da República, onde os Paços do Concelho estiveram durante quatro séculos. Este edifício foi concluído em 1538 e quem o projectou foi Francisco de Arruda, o mesmo mestre e autor da obra do Aqueduto e da fábrica da Sé. Aliás, tal era a beleza do imóvel que em 1729, aquando da cerimónia da troca de princesas no Caia, esteve nele alojado a Família Real. Contudo, desde os fins do séc. XIX, pairou no espírito dos indivíduos que geriam os negócios municipais o desejo de transferirem os Paços do Concelho para o Palacete da rua dos Pessanhas, propriedade do lavrador David Picão, por haver nas suas 86 salas lugar para todas as repartições municipais.
            Com esse fim, já em 9 de Junho de 1891 se haviam reunido nos Paços do Concelho alguns dos 40 maiores contribuintes da contribuição predial, mas maioria votou para que se realizassem antes obras no prédio da Praça.
            Só umas dezenas de anos mais tarde a ideia se firmou em bases sólidas e em sessão de 2 de Fevereiro de 1935 resolveu-se comprar o edifício.
            Como, entretanto, David Picão tinha morrido, a sua viúva Isabel Maria Picão jurou que nada deixaria em testamento à família daquele que lhe tinha sido toda a vida infiel.
            Assim, a 8 de Novembro do mesmo ano foi assinada a escritura de compra em condições altamente vantajosas para a Câmara. A venda foi feita da seguinte forma: 600 contos pela casa e 190 pelo mobiliário, valendo tanto um como o outro muitíssimo mais, e tendo sido o pagamento facilitado ao máximo. 100 mil escudos no acto da escritura e 50 até 31 de Dezembro desse ano, o restante em prestações semestrais de 18 contos sem vencimento de juros, mas cessando por morte da proprietária.
            Como Isabel Maria Picão (ou a tia Maria espanhola, como era conhecida pela família) morreu a 18 de Dezembro de 1944, nessa data a Câmara entrou na posse de todos o edifício, bem como da magnífica Herdade D. João, que a mesma senhora legou à cidade.
            Para maior raiva da família, a rua da Câmara chama-se hoje Isabel Maria Picão.

Cláudio José de Bastos Picão

Filho de Amaro José de Bastos Picão, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Capitão de Ordenanças, Familiar do Santo Ofício e lavrador, e de sua mulher Francisca Faustina de Lima, Cláudio José de Bastos Picão foi um lavrador e proprietário no concelho de Elvas. Nasceu em 1782 em Sta. Eulália e foi nessa terra que manteve a sua lavoura, no monte “Torre de Siqueira”. Casou com Joaquina Vicência Cordeiro Vinagre. 
Por decreto de 27 de Agosto de 1807 foi nomeado Capitão de Ordenanças de S. Vicente, tal como vem disposto na relação dos oficiais de Ordenanças:


“Cláudio José de Bastos Picão, capitão da 11ª Companhia de S. Vicente, 47 anos de idade. Anos de serviço e posto de oficial 22 anos e 4 meses. Data em que foi promovido a capitão que actualmente tem, e se foi por decreto, resolução de consulta, ou nomeação do general. Por Decreto do Conselho de Guerra de 27 de Agosto de 1807. Se tem saúde e robustez suficiente para continuar no desempenho dos deveres do seu posto. Tem robustez, porém muita falta de vista que o proíbe muitas vezes para o desempenho do serviço. Se tem bens para poder continuar a exercer o posto que ocupa sem vexar os povos. Tem bens suficientes para poder exercer o posto que ocupa sem vexar os povos. (…)”


Este lavrador e Capitão de Ordenanças Cláudio José de Bastos Picão cegou por completo, pelo que, não podendo administrar devidamente, a sua casa agrícola deu em decadência. Em tal conjuntura dizia para a família: “Sobrinhos! Quem o tiver segure-o, que eu tive-o e deixei-o fugir. Antigamente era o Senhor Capitão Cláudio, agora nem Cláudio já sou.”


Era um homem de espírito. Dele se conta que tendo comido chícharos teve uma indigestão, pelo que exclamou que vergonha se eu morro, pois hão-de dizer: “Morreu o Capitão Cláudio duma indigestão de chícharos, ainda se fosse de lombo!” 


Existem ainda outro episódio divertido e revelador do seu carácter. Naquele tempo ainda não havia recrutamento militar obrigatório. Quando era preciso recrutar soldados, surgia nas aldeias, aos domingos, uma força de infantaria que, cercando a igreja à hora da missa, ia prendendo todos os homens solteiros, rejeitando os casados. Passavam depois revista às casas, pelo que os solteiros metiam-se na cama com as irmãs, fingindo que eram casados para não os levarem.


Numa dessas ocasiões, levaram também um pastor do lavrador Cláudio José de Bastos Picão. Este era então vereador da Câmara Municipal de Elvas. Na primeira sessão da Câmara apresentou-se vestido de pastor, com safões e pelica. Grande pasmo dos vereadores, que inquiriram do caso, explicando ele que lhe tinham levado o seu pastor para soldado e por isso tinha que ir ele guardar o gado. Surtiu efeito a ironia, o estratagema, pois o presidente da Câmara foi expor o caso ao general, que mandou logo soltar o pastor.

Os apontamentos sobre a biografia militar existem no Arquivo Histórico Militar e foram copiados pelo seu sobrinho-neto Laureano António Picão Sardinha.